Reconstruir ou remodelar profundamente uma casa deve ser um exercício muito mais complexo do que simplesmente restaurar/reconstruir exactamente conforme o original ou ocupar o velho por algo completamente novo.
Há um nicho entre estas duas opções que pode singrar numa arquitectura de qualidade, providenciando espaços novos e com funcionalidades contemporâneas, mas que igualmente contêm história.
O primeiro desta metodologia deverá ser a adaptação da nova funcionalidade de cada espaço ao edificado existente. Uma vez assegurada a capacidade do edificado para o novo capítulo, deve então existir uma lista dos principais pontos estéticos que deverão ser mantidos. Como por exemplo janelas, cornijas, detalhes decorativos, entre outros pormenores que caracterizam o edificado no seu tempo.
Partir de uma tábua rasa pode não ser a melhor opção uma vez que, no período contemporâneo, estes detalhes são cada vez mais raros e por isso podem acrescentar algo inédito ao imóvel. Formando a sua autenticidade e caracterizando-o, dando-lhe valor.
Obviamente a qualidade técnica da nova construção deve ser assegurada, no que diz respeito aos elementos estruturais. Quanto à forma, aí sim, há vestígios do edificado anterior à intervenção que podem ser mantidos ou mesmo evidenciados.
As portas em arcos de pedra, as escadarias, os tectos ornamentados entre outros elementos que vemos nas casas dos nosso antepassados, podem servir de base a um design arrojado, muitas vezes vernacular, com história.
O significado estético destes elementos pode perfeitamente ser assegurado, tecnicamente falando, de acordo com um bom projecto de pormenorização, um bom diálogo entre o saber de experiência feito e a tecnologia actual.
Por vezes existe um sentido pejorativo na questão da imitação daquilo que é antigo e há por vezes materiais que tentam imitar detalhes antigos (como no caso das caixilharias de alumínio a imitar as antigas de madeira) que não resultam. Mas é necessário teorizar preconceitos e perceber a razão destas opções, que não devem ser generalizadas.
Particularmente acho, que desta discussão é que nascem os novos conceito de projecto e a qualidade espacial.
Arq. Nuno Rebelo na @NRa
*este texto não foi escrito segundo o acordo ortográfico por vontade do autor
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