Quarto de criança – Crónica Nuno Rebelo #015

Quem passa para a experiência da paternidade sabe que existe uma logística muito específica para uma criança, que se divide pelas várias fases de crescimento e que nos centraliza quase todas as atenções.
Ora, propõem-se aqui algumas ideias para o espaço central de uma criança: o seu quarto. Quer o dividam com um irmão ou não, há neste local o centro de paz e aconchego tão importantes.
Começando pelo espaço, o quarto da criança não precisa de ser muito grande desde que tenha o essencial: cama (de solteiro ou casal, mas que possibilite convidar um amiguinho da escola para dormir lá em casa), roupeiro (que deve ser funcional no seu interior para todos os tipos de roupa, entre prateleirinhas e cabides e gavetinhas – dado que em bebé há muitas peças pequenas) e um espaço de trabalho junto á janela. Este espaço de trabalho deve ser considerado como um espaço multiusos, à inteira responsabilidade da criança, onde ela pode desenhar, moldar plasticina, construir Legos, ler, convidar todos os peluches para um chá a fingir. Este ponto do seu quarto pode começar por ser a zona do fraldário quando nasce e terminar na secretária onde diariamente fará os TPC mais tarde.


As cores num quarto de criança por vezes tendem a ser vibrantes e cheias segundo a opção de muitas pessoas, no entanto creio que as cores suaves, as texturas em tom pastel e pouco figurativas serão sempre a melhor opção – dada a quantidade de distrações já existente no quotidiano – trazendo serenidade ao espaço.
Os tecidos devem ser facilmente laváveis e resistentes, procure a etiqueta Children Friendly.
Ao contrário de muitas opiniões, as alcatifas ou tapetes sintéticos são uma boa opção. Os materiais actuais podem ser hipoalergénicos e a própria textura absorve o pó do ar, tornando-o mais limpo. (Obviamente carece de limpeza frequente, mas como qualquer outro material de revestimento.)
Uma parede em papel a imitar ardósia para desenhar é uma sugestão recente nalguns quartos de criança, que para além do sentido estético, permite que a criança desenvolva outras aptidões de desenho, escrita, etc.
A luz é um ponto importante, tente criar pelo menos três cenários de luz para a criança – a) luz natural, evitando obstruir as janelas com cortinas grossas ou outros elementos; b) luz difusa, ou luz de tecto mais abrangente, que não crie espaços sombrios no quartos, espalhando boa visibilidade para as actividades e brincadeiras; c) luz pontual, que pode ser de um pequeno candeeiro de pé, que torne o quarto sereno e calma para as horas de dormir (certifique-se que esta luz ilumine as zonas de entrada e saída do quarto).
Finalizando esta breve lista, para um quarto de criança, nunca esquecer a biblioteca. Cada criança deve ter a sua própria biblioteca privada, desde os caderninhos de desenhos até aos manuais escolares. Uma estante acessível ao seu tamanho, pronta a usar, sempre.

Arq. Nuno Rebelo na @NRa

*este texto não foi escrito segundo o acordo ortográfico por vontade do autor

 

Skype Id: nunorebeloarq
facebook.com/nunorebeloarq

 

Nuno Rebelo é arquitecto desde 2002. Nascido em Braga, Portugal, desde cedo a aptidão para o desenho e os temas da Arte o fizeram interessar pelo gosto estético. Como arquitecto, formado no Porto, elaborou diferentes projectos para espaços distintos, desde a concepção e da ideia até ao mais ínfimo detalhe do mobiliário. O gosto particular pelo vernacular e pelas culturas contemporâneas, permitem-no elaborar projectos de carácter intimista, sereno e de um detalhe intemporal.
À parte da vertente técnica da Arquitectura, a aptidão para o desenho livre e para o desenho digital, ajudam-no a desenvolver ideias novas, a criar imagens próprias, que muitas vezes se materializam em espaços cuidados, com um cunho pessoal, mas cuja relação com o utilizador final é sempre valorizada. Teve trabalhos de desenhos expostos ao público por diversas ocasiões e já leccionou aulas de desenho de rua. Actualmente numa jornada na Arábia Saudita, o seu projectos já se localizam desde Portugal a Moçambique, Angola, França, Suíça, Holanda, Caraíbas e Suriname. Sempre numa relação descontraída com as artes, Nuno Rebelo bebe da música e da fotografia os seus elementos para um novo passo.
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