O MINIMALISMO E A TRADIÇÃO – Crónica Nuno Rebelo #006

A opção minimalista, desprovida de ornamentação, nem sempre está desassociada da tradição funcional do espaço. A estética minimal resume-se a compor um espaço através das formas puras, sem que para isso o projectista não esmiúce o desenho e a perícia conceptual. É exactamente no conceito puro de utilização que o designer assenta a sua  base projectual.

Podemos classificar um espaço de minimalista quando este está desprovido de questões estéticas formais (ornamentação estrutural e arquitectónica, paleta de cores diversa, excesso de informação) e apenas vemos o conceito puro de utilização, sem nuances ou reticências que não as funcionais de base.

Alguns arquitectos conseguem mesmo fazer de um espaço tradicional um espaço minimalista, limpando o excesso de informação, o mobiliário decorativo, a ornamentação de tectos, questões formais dos materiais, etc., cingindo-se apenas a uma estética fotográfica e cénica para garantir a beleza do espaço.

Subjacente a um bom espaço minimal está a técnica e o desenho de pormenorização da construção. Muitos pormenores estão aparentemente invisíveis, sendo este o truque para que o mesmo objecto simples, desprovido de formas exuberantes, cores ou texturas complexas, possa funcionar tão bem.

Arquitectos contemporâneos como John Pawson, Toyo Ito, Aires Mateus ou Siza Vieira conseguem em poucas linhas dizer muita coisa de um espaço através da essência formal, da qualidade da luz ou do pormenor construtivo.

As primeiras imagens que a arquitectura minimalista nos sugere referem planos brancos, rectangulares, com alguns elementos estruturais em bruto, madeiras puras sem grandes tratamentos, caixilharias amplas e janelas expandidas nas fachadas, permitindo quase sempre uma luz muito límpida e uma serenidade espacial.

Arq. Nuno Rebelo na @NRa

*este texto não foi escrito segundo o acordo ortográfico por vontade do autor

 

Skype Id: nunorebeloarq
facebook.com/nunorebeloarq

 

Nuno Rebelo é arquitecto desde 2002. Nascido em Braga, Portugal, desde cedo a aptidão para o desenho e os temas da Arte o fizeram interessar pelo gosto estético. Como arquitecto, formado no Porto, elaborou diferentes projectos para espaços distintos, desde a concepção e da ideia até ao mais ínfimo detalhe do mobiliário. O gosto particular pelo vernacular e pelas culturas contemporâneas, permitem-no elaborar projectos de carácter intimista, sereno e de um detalhe intemporal.
À parte da vertente técnica da Arquitectura, a aptidão para o desenho livre e para o desenho digital, ajudam-no a desenvolver ideias novas, a criar imagens próprias, que muitas vezes se materializam em espaços cuidados, com um cunho pessoal, mas cuja relação com o utilizador final é sempre valorizada. Teve trabalhos de desenhos expostos ao público por diversas ocasiões e já leccionou aulas de desenho de rua. Actualmente numa jornada na Arábia Saudita, o seu projectos já se localizam desde Portugal a Moçambique, Angola, França, Suíça, Holanda, Caraíbas e Suriname. Sempre numa relação descontraída com as artes, Nuno Rebelo bebe da música e da fotografia os seus elementos para um novo passo.
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