DA LUZ – Crónica Nuno Rebelo #011

A LUZ é considerada por muito arquitectos como a matéria-prima. Moldar a luz é possível com a construção de planos e volumes – da luz conseguimos percepcionar as texturas e as cores, e o resultado vai de encontro às sensações, à funcionalidade e à mensagem.
A poesia da luz existe, porque é consoante a sua direcção, reflexo e impacto que muitas vezes nos emocionam. Edifícios como as catedrais usam a luz numa mensagem própria, ao passo que edifícios de escritórios pretendem uma luz mais técnica e funcional.
A luz pode ser então caracterizada como sendo funcional ou expressiva.
O tratamento que o projectista dá a um espaço pode usar a luz funcional (desde a luz de uma cozinha ou de espaços técnicos) ou usar a luz para criar sensações, emoções de forma mais intimista até.
Nunca devemos esquecer esta força que a Luz tem nos espaços, quer estejamos num jantar intimista com amigos, com os rostos iluminados em contraponto com um fundo escuro, quer estejamos numa galeria de arte, em que a luz deve ter a direcção própria para uma pintura, ou escultura.


Todas as artes têm uma enorme base de tratamento de luz, sem a luz não existiria a fotografia ou a escultura.
A luz difusa, que se expande uniformemente, tem um carácter mais técnico porque não colabora com as sombras, permitindo um uso total do espaço. Ao passo que a luz direccionada pressupõe um objecto concreto, em que os efeitos das sombras são parte integrante do espaço, criando uma dicotomia luz-sombra para fazer transmitir a mensagem das formas e volumes.
No nosso quotidiano vivenciamos a luz primordial do Sol, considerada uma luz perfeita porque nos mostra as cores na sua verdade, em que a sua rotação nos dá a total percepção do espaço e do tempo. Já a luz artificial, com os avanços tecnológicos, permitem um estudo técnico por parte do projectista.
Obviamente a luz é assim a base para a criação espacial. Embora aparentemente uma força incontornável porque não é palpável, ela consegue ajudar-nos e atingir objectivos racionais e acima de tudo, o modo como o projectista a trata, pode influenciar os nossos sentimentos. É poesia.

Arq. Nuno Rebelo na @NRa

*este texto não foi escrito segundo o acordo ortográfico por vontade do autor

 

Skype Id: nunorebeloarq
facebook.com/nunorebeloarq

 

Nuno Rebelo é arquitecto desde 2002. Nascido em Braga, Portugal, desde cedo a aptidão para o desenho e os temas da Arte o fizeram interessar pelo gosto estético. Como arquitecto, formado no Porto, elaborou diferentes projectos para espaços distintos, desde a concepção e da ideia até ao mais ínfimo detalhe do mobiliário. O gosto particular pelo vernacular e pelas culturas contemporâneas, permitem-no elaborar projectos de carácter intimista, sereno e de um detalhe intemporal.
À parte da vertente técnica da Arquitectura, a aptidão para o desenho livre e para o desenho digital, ajudam-no a desenvolver ideias novas, a criar imagens próprias, que muitas vezes se materializam em espaços cuidados, com um cunho pessoal, mas cuja relação com o utilizador final é sempre valorizada. Teve trabalhos de desenhos expostos ao público por diversas ocasiões e já leccionou aulas de desenho de rua. Actualmente numa jornada na Arábia Saudita, o seu projectos já se localizam desde Portugal a Moçambique, Angola, França, Suíça, Holanda, Caraíbas e Suriname. Sempre numa relação descontraída com as artes, Nuno Rebelo bebe da música e da fotografia os seus elementos para um novo passo.
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